quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Transitório

Não imaginei que o segundo post, ou melhor, o primeiro com algum sentido, fosse ser tão sério. Ontem deixou a nossa companhia o senhor Reishin Kawai. Para uma biografia resumida da vida de Kawai Sensei visite o site oficial da Academia Central de Aikido.



Aqui apenas posso falar o que ele representou na minha vida. Eu poderia explicar como o conheci, como o aikido que ele introduziu no Brasil influenciou minha vida, como me fez uma pessoa melhor. Em termos gerais não estaria mentindo. Nem um pouco.

Mas sinto que estaria me apropriando de uma intimidade que não existiu. Seu trabalho me tocou intimamente. A minha existência talvez tenha sido notada apenas algumas vezes, lembrada outras poucas.

A maior influência acontece de fato através de uma rede de acontecimentos. Seus ensinamentos, transmitidos através de seus alunos, hoje professores com quem tive e tenho o privilégio de treinar, ou diretamente por ele em um dos seminários dos quais tive a sorte de participar. Pessoas que estiveram com ele estiveram comigo, e me transmitiram o que ele ensinou.

Isto me fez refletir sobre a gratidão, em especial aos ancestrais. Os japoneses mais antigos têm o hábito de agradecer aos ancestrais pela comida. Por terem descoberto como cultivar os grãos, preparar a refeição, e assim por diante. A morte de Kawai Sensei me fez descobrir algo mais sobre gratidão, na forma como se agradece aos ancestrais.

Não sei se estou triste. Acho que sim, afinal estou calado e pensativo. Penso sobre o que é transitório. E sobre o que nasce a partir do transitório e se perpetua através do legado. Como os ancestrais perpetuaram a nossa existência.

Devo ser grato.

Domo arigatou gozaimashita sensei!

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