sexta-feira, 3 de junho de 2011

A alegria de voltar a treinar

Carlos Grisalt Sensei aplicando jyu-waza em Altair Ireno dos Santos Sensei

Estive fora do tatami por cerca de 10 meses. Não foram poucos os momentos em que me peguei pensando nos treinos, nos colegas ou mesmo sonhando com alguma técnica ou princípio básico.

Nesta semana, na terça (dia 31) voltei a treinar. O corpo, como era de se esperar, ainda machucado por causa da cirurgia, vai ter de aprender a fazer tudo denovo. Mas primeiro vai ter de esquecer algumas coisas.

É interessante como a memória muscular trabalha... Nos coloca em um situação complicada, já que depois de um procedimento médico relativamente extenso a musculatura ainda tenta fazer os movimentos da mesma forma, provocando dor, reação involuntária e ato contínuo, ineficiência e frustração.

Para que se possa entender a extensão do problema que tive, removi uma displasia fibrosa com medidas de 7,5cm X 5,5cm da região proximal do fêmur direito (na parte interna do osso, logo abaixo da articulação). O buraco foi preenchido com enxerto ósseo da crista ilíaca (quadril) e enxerto inorgânico (material mineral).

A operação foi necessária porque havia uma fratura sobre o tumor, e para chegar até a região afetada foi necessário cortar através da musculatura da coxa. Esse corte deixa uma cicatriz interna grande. A atrofia da recuperação faz o músculo diminuir. Forma-se fibrose, e os pequenos problemas vão se acumulando.

Mas aí a coisa fica um pouco mais complicada ainda, pois a adequação a estes pequenos problemas passa pela cabeça e se define no tanden. Aceitar, conscientemente as mudanças, perceber onde o corpo está diferente, como ele se comporta agora, quebrar o condicionamento - adquirido com anos de treinamento - e reconstruir tudo denovo.

As chaves desde processo são o respeito e a tranquilidade.

Respeito com o próprio corpo. Sentir suas reações e se adaptar rapidamente. Não insistir, forçar ou exigir. Compreender que o limite, a linha que tanto exploramos durante os treinos, recuoou um tanto e desta forma é necessário adequar também as expectativas.

Tranquilidade para não deixar a ansiedade e a vontade de treinar, de recuperar o tempo perdido, nos levarem a um agravamento da lesão, o que - no meu caso - pode colocar a perder uma trajetória de alguns anos de treino. O tempo deve se tornar irrelevante.

Escrevo desta forma para que os colegas que passem por uma situação de afastamento, por mais séria que possa parecer, não se sintam desistimulados. A grande vantagem do Aikido sobre outras atividades, neste aspecto específico, é que não sendo uma arte competitiva (esportiva) as únicas cobranças que realmente existem são: aquilo que seu sensei sabe que você pode dar, e o que você espera de sí mesmo.

É muito difícil avaliar o que esperamos de nós mesmos, por isso em ambos os casos, confie no seu sensei.

Bons treinos a todos!



Informações para amigos interessadas no Aikido:
Kawai Shihan Dojo
Av. Dep. Antônio Edu Vieira, 1740, 2º Andar – Pantanal
(Em frente ao Centro Tecnológico da UFSC)
Florianópolis – SC
CEP 88.040-001

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