sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A espada japonesa

Um dos meus assuntos de interesse é a cutelaria artesanal, ou a arte de fazer lâminas manualmente. Dentro desta vasta área de conhecimento, me fascina em particular o estilo tradicional japonês. Ao contrário do que apregoa o senso comum os japoneses não são somente fazedores de excelentes espadas, mas também de facas e ferramentas muito bem planejadas.

Katana by Kiyota Jirokunietsu - 2007

Mas vamos falar disso em outro post, afinal as espadas é que realmente ganharam a atenção do mundo ocidental.

Eu queria começar derrubando alguns mitos. Não existe nada de místico ou sobrenatural no processo de fabricação de uma espada. Tratam-se objetos construídos com diversas inovações tecnológicas que visavam extrair o máximo de rendimento que os recursos disponíveis poderiam oferecer (gerentes de projetos vão gostar desta parte).

Assim a ciência da metalurgia foi levada ao estado da arte durante a idade média por pessoas obestinadas como os japoneses, os árabes e os nórdicos com a finalidade de produzir instrumentos de corte (para o uso civil ou militar) mais eficientes.

O minério de ferro disponível no Japão é de baixa qualidade. Está repleto de impurezas que não poderiam ser removidas facilmente na época. Hoje contamos com fundições industriais onde atmosferas controladas e procedimentos variados adicionam ou depuram elementos agregados ao minério para compor aços com diferentes propriedades físicas, graus de pureza e aplicações na indústria moderna. O forjador, naquele tempo, contava apenas com a forja e com a sua inteligência para compreender a forma como o aço se comporta sob diferentes procedimentos.

A primeira forma de melhorar as ferramentas de ferro fundido foi a adição de carbono, que transforma o ferro em aço. No Japão isto era feito em uma fundição tatara. O aço, no entando, recém saído da fundição, apresenta um teor de carbono muito alto, o que o torna extremamente duro e quebradiço (teores superiores a 7% de carbono), além de trazer consigo todas as impurezas presentes no minério de ferro utilizado e no carvão utilizado no procedimento.

Nos próximos posts sobre este assunto vamos continuar a descrever este processo, até a finalização da espada.

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